segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Eu não quero comprar um carro

Eduardo Paes, eu não quero comprar um carro
                Pensando incessantemente a respeito da situação na qual o trânsito se encontra na cidade do Rio de Janeiro e refletindo sobre minhas convicções pessoais, o dilema da aquisição de um automóvel me revolta.
                Eu não quero comprar um carro porque sei que justamente pelo fato de muitas pessoas terem adquirido carros nos últimos anos e meses nossas avenidas, viadutos e estradas chegaram à atual situação.
Não quero comprar um carro porque sou contra a poluição do ar causada por um veículo com uma única pessoa.
Não quero comprar um carro porque teria inúmeros gastos e responsabilidades a mais: IPVA, combustível, manutenção, documentação, emplacamento, estacionamento, etc, etc, etc...
Não quero ter um carro porque é estressante procurar vagas, porque teria medo de parar nos sinais à noite e porque o estacionamento no Rio de Janeiro é o mais caro do Brasil segundo pesquisas. http://g1.globo.com/economia/seu-dinheiro/noticia/2012/01/rio-tem-vaga-de-estacionamento-mais-cara-do-pais-diz-associacao.html
Seria deveras paradoxal, portanto, continuar este texto declarando a lamentável verdade que estou a ponto de comprar um carro. O que me leva a tal afirmação é o tempo de vida que o mau planejamento do sistema de transporte da cidade maravilhosa arranca de mim todos os dias. Eu literalmente perco quatro horas da minha vida por dia em trajetos que poderia fazer gastando 1 hora e quarenta minutos.
O nosso metrô custa R$3,10 (pense nas filas geradas por esses 10 centavos!) e depois das 17 horas qualquer carioca ou visitante pode vivenciar a experiência única de estar dentro de uma lata de sardinhas. A forma como encaro a situação é considerando-a nada menos que um descaso e desrespeito tamanho ao carioca. No Rio de Janeiro, você tem 3 opções:
Opção 1: Você mora ao lado do trabalho, suas opções de lazer e compras também são próximas e você pode fazer tudo a pé. Eu chutaria que isso corresponde a 0,5% da população do Rio.
Opção 2: Você compra um carro e passa muito tempo no trânsito além de pagar IPVA, combustível, manutenção, seguro, e ter que se preocupar com o custoso estacionamentoe com um trânsito que de gentil não tem nada. É uma verdadeira selva para dirigir. Estresse garantido. (Ao menos você pode ter ar condicionado e não precisa ouvir rádios que não gosta ou pessoas pregando suas respectivas fés e pedindo esmola.)
Opção 3:  Você luta para sobreviver ao transporte público com todos os seus defeitos, paga caro por ele e é tratado com desrespeito considerando as péssimas condições de qualquer transporte que não tenha como destino a Zona Sul. Ar condicionado? Depende do destino, mesmo que nossa cidade seja famosa pelas temperaturas altas, você sabe, isso ajuda os pobres a ganharem resistência ao calor... É... eles vão precisar. Pois é: Parece  que nosso governo privilegia descaradamente as classes sociais mais altas, contribuindo muito para a desigualdade social. Mas como assim? Que tal observar a decoração das estações de metrô? Comparar Pavuna com Ipanema. Sem falar que são somente as elites que tem direito a ciclovias, calçadas e espaço para pedestres.
Tudo isso me leva a pensar: Como pode nosso governo cobrar impostos tão altos quando compramos automóveis se o próprio governo não oferece transporte público minimamente digno para que as pessoas se locomovam? Isso praticamente obriga as classes média e alta a comprarem carros (assim que puderem) para a própria sobrevivência detro da cidade. Digo que quase obriga porque imaginei o que aconteceria com o trânsito se todas as pessoas que se locomovem com veículos particulares resolvessem, no mesmo dia, utilizar o transporte público. Pare por 2 minutos e por favor, tente imaginar isso: Nenhum carro particular nas ruas e todos os trabalhadores dependendo do transporte público às oito da manhã numa segunda-feira normal, como hoje, por exemplo.
Se quando um trem ou o metrô para o que temos é o caos, imagino o que aconteceria se todos nós dependessemos do transporte público. Não há para onde correr. Nós, cidadãos, passamos por péssimas situações nos ônibus, trens e metrôs do Rio, e quando chegamos em casa, estressados, não queremos mais falar sobre isso. Mas é muito importante que falemos.  
O problema do trânsito no Rio de janeiro é extremamente sério e os cariocas sentem que não há solução, não há escapatória. Temos que ir trabalhar, por isso nos submetemos a condições absurdas.
O pior de tudo isso é quando as pessoas acham que as coisas não podem mudar. Uma vez estava no ônibus e quando um senhor começou a reclamar das condições péssimas às quais estávamos submetidos naquele mesmo momento, uma mulher resolveu defender o sistema: “Vá de táxi, então!”, ela disse. Obviamente, se qualquer um de nós pudesse colocar um táxi no orçamento, não estaria naquele inferno. Então aquela mulher realmente achava que ela merecia aquilo? Que nascera para ficar espremida em um ônibus? Que conforto ou simplesmente dignidade eram coisas para quem podia pagar? Ela estava irritada, todos estávamos, mas, sinceramente, senhora, a senhora está fazendo isso muito errado.
Eu me pergunto o que mais precisa acontecer para que os brasileiros digam aos nossos governantes, na Candelária —como Sérgio Cabral pediu quando era de seu interesse http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/politica/marcha-por-royalties-tera-concentracao-na-candelaria— que assim não vai dar não. Que queremos um transporte barato, limpo e eficiente, em que nós caibamos, pra variar. Nós sabemos que, como disse Marcelo freixo: “VERBA TEM, falta é vergonha na cara”.  Aliás, foi lindo, assista ao vídeo:http://www.youtube.com/watch?v=C6RvjvdbRgY
Nós pagamos caro, trabalhamos muito e não temos direito a nada; Pesquisas provam isso. http://www.youtube.com/watch?v=0i62-Mv8YJM
Saúde: Planos particulares fazem fortuna com a nossa falta de confiança no sistema público.
Estradas: Pedágios em todas elas, nos tirando o direito de ir e vir, e ainda pagamos impostos por elas.
Educação: Quando os filhos dos políticos estudam em escolas particulares e os professores ganham o absurdo que ganham, não se precisa falar mais nada.
Estamos esquecendo que o trabalho dos políticos é cuidar de nosso bem-estar. Não os elegemos para que eles nos explorem.
A internet pode ajudar, mas talvez não baste. Se quisermos mudar nossa cidade, o estado, o país, temos que mostrar o que queremos, e do que precisamos. Na Candelária contra a INJUSTIÇA e A FAVOR DO RIO? A FAVOR DO RIO de verdade. Estou esperando só uma data e uma hora. Eu voto num 7 de setembro, para começarmos uma vida de luta política, na qual o governo serve o povo, como deveria ser.



Estação de Metrô da Carioca

Estação de Metrô Ipanema
Estação de Metrô Pavuna
Estação de Metrô Ipanema

Um comentário:

  1. Já sei! Vamos fazer o seguinte: todos fazem uma vaquinha, economizamos nosso dinheirinho batalhado e suado, apertamos o orçamento do mês, juntamos uma boa grana e entregamos ao governo para que este invista no transporte público construindo principalmente mais kilômetros de metrô. Ideia genial essa minha!







    Ih! Peraí! Já é isso que acontece...

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